Olá, sabadistas!
É muito tarde para desejar um feliz ano novo, rs?
Como vocês estão nesse 2020.3? Espero que bem e com saúde.
Por aqui, as coisas começaram aceleradas e com muito trabalho. É mais um ano para colocar mais projetos na rua, e um deles surgiu nesse período em que não conversamos pela newsletter. Sou um defensor da ciência, como sabem, e tanto o negacionismo quanto o desconhecimento do método científico me despertaram para criar uma cartilha ilustrada sobre o processo da criação de uma vacina. É um material complexo, que exige a minha dedicação e a revisão dos meus grandes amigos da ciência. Quero que ele circule por aí, disseminando conhecimento: estou trabalhando para isto. Espero trazer boas notícias sobre isso logo mais.
Ah, vale lembrar: tomem todas as doses da vacina conforme o calendário da cidade em que residem. Protejam-se e protejam quem amam!
Vou ficando por aqui, com a promessa de voltar no próximo sábado.
Um forte abraço e fiquem com os deuses!
Carlos Ruas
O Deus das caixas
Por Carlos Ruas
Imagine pegar uma máquina do tempo, voltar nos tempos bíblicos, conviver com Jesus e diferenciar fato de ficção. Afinal, são mais de dois mil anos de uma história sendo contada, recontada, escrita, reescrita, traduzida, manipulada, descartada, modificada, adaptada... O quanto da verdade restou? Quantos dogmas e regras seguimos hoje que Jesus falaria: “Nunca disse isso e você tá parecendo um idiota!” Não me leve a mal, mas uma coisa é o que Jesus fez, outra coisa é o que o fã clube escreveu, entende?
E se eu te dissesse que uma nova religião está nascendo, que daqui a 2 mil anos alguém falará “Nossa, eu daria tudo para estar lá!” e você está aqui hoje, tendo o privilégio de presenciar este desabrochar? Pois bem, isso está acontecendo e é essa a história que contarei: a do Deus das caixas.
Nos anos 40, na Segunda Guerra Mundial, ocorreu a Guerra do Pacífico entre Estados Unidos e Japão. Alguma ilhas serviram como pontos militares estratégicos para as tropas americanas e, em parte delas, aconteceu o primeiro contato dos povos nativos com o homem branco ocidental. Imagine o contraste cultural e tecnológico. Os habitantes observavam curiosos os costumes daqueles estranhos seres que apareceram com pressa em suas terras; a marcha deles parecia uma dança ritualística, ostentavam objetos mágicos tanto para se comunicar quanto para guerrear e, o mais impressionante, nada do que eles precisavam era produzido, tudo caia dos céus, eram caixas gigantescas enviada pelos seus deuses. Dentro dessas caixas havia armamento, comida e medicamentos, tudo para suprir suas necessidades diárias.
A guerra acabou, o homem branco sumiu de lá com a mesma pressa que chegou e 30 anos se passaram…
Nos anos 70, o naturalista inglês David Attenborough, famoso por documentários sobre a natureza, desses que vemos na Discovery Channel, visitou algumas ilhas do Pacífico para documentar as maravilhosas aves da região de que havia ouvido muito falar. Em seu livro “Aves do Paraíso”, um diário da expedição, ele descreve o curioso encontro que teve com o povo de Vanuatu, que cultuava um tal “Deus das caixas”. Eles tinham uma dança ritualística que lembrava muito uma marcha de soldados e clamavam aos céus para que Deus lhes enviassem caixas que sanariam suas necessidades. Vocês entenderam o que aconteceu aqui? Uma religião foi criada e estava em pleno desenvolvimento. Isso estava ocorrendo em várias ilhas da mesma região; mesmo sem se comunicarem, povos abandonaram seus antigos Deuses e passaram a adotar o “Deus das caixas”. Bem, eu não faria diferente, se eu tivesse visto o milagre das caixas diante meus próprios olhos falaria: “Eu não sei quanto a vocês, mas o Deus do povo ali do lado tá funcionando mais que o nosso. Tudo o que eles pedem cai do céu, pô!”.
Na ilha de Tanna, a nova fé possuía até um messias, e seu nome era John Frum. Acredita-se que devia ser um soldado americano tentando explicar de onde vinha: “I´m John, from...”. Pegou?
Nesta ilha havia um sacerdote chamado Nambas, que por meio de um velho rádio sem pilhas, dizia se comunicar com John Frum. Ele contou que John Frum existiu e foi um enviado do Deus das caixas, pregou para seu povo e, quando foi embora, prometeu voltar, mas quando voltasse, traria caixas infinitas que acabariam com todo o sofrimento da humanidade. O dia 15 de fevereiro seria a data em que John Frum retornaria. Na véspera do grande dia, festividades eram feitas, além de uma pista de pouso e uma torre de controle de bambu erguida, já que o messias viria de avião. Todo o povo aguardava ansioso olhando para os céus... Como ele não disse o ano da volta, a espera anual virou um ritual cíclico. Attenborough, então, resolveu provocar o sacerdote Nambas:
“- Faz dezenove anos que John disse que voltaria. Ele prometeu e prometeu, mas não veio. Dezenove anos não é tempo demais para esperar?
O sacerdote parou de olhar para o chão e me falou:
- Se você pode esperar 2 mil anos pela chegada de Jesus Cristo e ele não vem, então posso esperar mais dezenove anos por John.”
Isso não é fantástico? Uma religião foi criada e não tem como explicar o mal entendido para estes fiéis; eles se ofenderiam da mesma forma que um cristão se ofenderia se alguém falasse que Jesus é uma mentira. É assim que os mitos surgem.
Aguardo ansioso os primeiros evangelhos de John Frum. Seus milagres, curas, parábolas... E, para quem se sentiu desconfortável com a comparação, que o Deus das caixas te perdoe; espero que John Frum abra os seus olhos para a verdade, porque ainda há tempo de se arrepender, irmão! O fim está próximo e John Frum está voltando... Carregado de caixas.
Melhores tirinhas do mês
Eu tenho o lápis mais criativo do mundo!
Recebi o convite da Faber Castell para participar de uma corrente criativa e quero compartilhar essa jornada com você.
A Faber lançou a campanha “O lápis mais criativo do mundo”, que contou com a participação de estilistas, designers, artistas diversos e do quadrinista que vos fala. Tudo começa com um lápis, e o meu foi enviado pelo querido Sig Bergamin.
Meu projeto já está sendo construído e, em breve, trarei novidades e o resultado.
Clique no botão abaixo, assista ao vídeo, deixe seu like e comente :)
Dicas do Ruas
Trago duas dicas para agradar gregos e troianos.
Quem gosta de videogame precisa conhecer a plataforma de assinaturas de jogos da Xbox, a Game Pass. O catálogo próprio deles é ótimo, além dos outros que estão disponíveis lá. Quem tem videogame sabe o quanto os jogos são caros, o que nos limita a comprar e conhecer novos. Eu, particularmente tenho um Playstation, e agora posso jogar no meu notebook como se tivesse um Xbox. É o melhor dos dois mundos.
Não é publi, mas quem sabe um dia… Rs.
Se quiser saber mais, acesse: https://www.xbox.com/pt-BR/xbox-game-pass
Outra dica é o psicólogo, mestre em psicologia experimental, escritor e crítico de pseudociências Michael Shermer. Ele traz explicações e reflexões importantes sobre porque acreditamos em superstições, técnicas alternativas de cura de doença, entre outro temas. Recomendo o livro “Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas”, publicado em 2011 pela editora JSN.
Compartilho também este TED para despertar a sua curiosidade: